[PERDI A ESPERANÇA COMO UMA CARTEIRA VAZIA...]
"Perdi a esperança como uma carteira vazia…
Troçou de mim o Destino; fiz figas para o outro lado,
E a revolta bem podia ser bordada a missanga por minha avó
E ser relíquia da sala da casa velha que não tenho.
(Jantávamos cedo, num outrora que já me parece de outra incarnação,
E depois tomava-se chá nas noites sossegadas que não voltam.
Minha infância, meu passado sem adolescência, passaram,
Fiquei triste, como se a verdade me tivesse sido dita,
Mas nunca mais pude sentir verdade nenhuma excepto sentir o passado)"
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa,1927
Não, ... não ando poético, mas como não tenho palavras para explicar o sofrimento que passa alguém próximo, recorro a Fernando Pessoa.
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